A Ciência tem raça, cor e gênero
Estado: Paraná (PR)
Etapa: Ensino Fundamental II
Modalidade: Regular
Disciplinas: Biologia, Filosofia, Física, História do Brasil, Lingua Portuguesa, Sociologia
Formato: Presencial
Objetivo geral
Conhecer, identificar e refletir sobre os preconceitos de raça e gênero pelos quais passam as cientistas negras brasileiras em suas trajetórias acadêmicas visando contribuir para a construção de um posicionamento antirracista no Ensino Fundamental e incentivar a aderência à carreira científica.
Objetivos específicos
- Apresentar cientistas negras brasileiras de diversas áreas do conhecimento e conhecer suas contribuições científicas e tecnológicas;
- Conceituar racismo, racismo estrutural e institucional para refletir e identificar a desigualdade de gênero e raça e seus impactos na sociedade brasileira e nas Ciências;
- Compreender a carreira científica como uma possibilidade na vida de meninas e mulheres, especialmente, as meninas e mulheres negras e também meninos negros;
- Refletir e identificar opressões sofridas por pesquisadoras com relação a desigualdades sociais, sejam elas relacionadas a questões de gênero, socioeconômicas e/ou étnico-raciais.
Os seguintes conteúdos podem ser abordados a partir desta oficina:
- Sociologia: conceito de feminismo; conflitos raciais; tipos de racismo (estrutural, institucional, científico, epistemológico);
- Biologia: zoologia (aracnídeos); vírus; bactérias; vacinas; genética (DNA e RNA); conceito de pandemia;
- Física: Astrofísica, física de partículas, radiação, sensores;
- História: diáspora africana; escravidão;
- Língua Portuguesa: o conceito de escrevivência de Conceição Evaristo;
- Química: proteínas; lipídios; carboidratos; açúcares; polissacarídeos; cristalografia;
Metodologia
INTRODUÇÃO Foi no final da década de 1960 que o feminismo, juntamente com outros movimentos, como por exemplo o ecológico, ficou no auge da pauta dos movimentos sociais. Houve registros de inúmeras abordagens de “feminismos” defendidos por grupos de mulheres que questionavam a tradicional divisão de papéis sociais de acordo com o sexo das pessoas, além de reivindicar a extensão dos direitos tidos como privilégio masculino às mulheres (MORO, 2001). Ao definir racismo genderizado, Kilomba (2020) chama a atenção para o fato de a literatura feminista ocidental não ter reconhecido que as questões de gênero não afetam de forma igual as mulheres dos diferentes grupos racializados. Nesse sentido, o feminismo ocidental tornou as mulheres negras invisíveis, à medida que os discursos feministas ocidentais apenas substituíram o conceito dominante de ‘homem branco heterossexual’ por ‘mulher branca heterossexual’, ou seja, a estrutura racial conservadora que leva em consideração apenas a mulher branca permaneceu e embora no início do feminismo tanto as mulheres negras como as brancas buscassem a mesma coisa, ou seja, o reconhecimento como mulheres e seres humanos (OLIVEIRA, 2020). A proposta desta oficina, pode ser aplicada às/aos estudantes do Ensino Fundamental II no formato presencial. Durante a execução da Oficina, as(os) alunas(os) terão que responder a perguntas sobre fatos das trajetórias de vida e acadêmicas de cientistas negras de várias áreas das Ciências que integram o volume I e II do Livro de Passatempos Cientistas Negras Brasileiras do Projeto de Extensão “Meninas e Mulheres nas Ciências” – UFPR. Nesse sentido, para o sucesso da atividade é importante que os/as estudantes leiam os livros antes da oficina. DESENVOLVIMENTO A/o docente inicia a oficina exibindo um conjunto de slides disponíveis no Apêndice A para relembrar detalhes que ajudarão na identificação das cientistas, como seus nomes, área do conhecimento e algumas descobertas feitas por elas. Os cartões prontos com o rosto das cientistas em preto e branco que serão utilizados no jogo estão disponíveis no Apêndice C. Sugere-se que antes de iniciar o jogo a/o docente solicite às/aos estudantes que pintem os rostos com lápis de cor. Depois disso, pode iniciar o jogo: Que cientista negra eu sou? REGRAS 1) Sugere-se um número máximo de 9 equipes por turma e quando definido o número de grupos, cada uma recebe o mesmo número de cartões. 2) Cada equipe deverá escolher um nome, que seja, de preferência, de mulheres que as/os integrantes da equipe admirem; 3) Cada grupo definirá a/o representante que deverá adivinhar os nomes retirados pela equipe; 4) A cada rodada, uma equipe jogará e poderá fazer no máximo 10 questões. Se ao final das 10 questões, a/o representante não acertar a resposta, a vez passará para a próxima equipe. 5) A/o representante da equipe cola o seu cartão na testa, utilizando fita adesiva, sem ver o que está escrito. A pessoa com o cartão colado na testa faz perguntas aos outros jogadores para tentar descobrir qual cientista ela é. Atenção: as perguntas devem ser relacionadas à vida e atividade científica das cientistas e devem ter resposta simples (ver exemplo no Apêndice B). 6) A equipe que acertar qual é a cientista marca ponto (ver abaixo as regras de pontuação). As respostas das perguntas devem guiar a pessoa com a ficha colada até a resposta correta. As equipes podem elaborar outras perguntas, lembrando sempre de focar na área de pesquisa e vida da cientista. 7) A cada rodada, a equipe que der a resposta correta mais rapidamente recebe 3 pontos (usando até 5 perguntas), a equipe que responder corretamente em seguida recebe 2 pontos (usando até 8 perguntas) e a terceira equipe a acertar faz 1 ponto (usando até o máximo de perguntas); 8) Vence a equipe que fizer mais pontos ao final de todos os cartões, ou até o período máximo da oficina. Link de acesso aos apêndices: https://drive.google.com/drive/folders/1SBwrjIjZ06snVwcah3v3tB_UBWoCwU0L?usp=sh
Recursos Necessários
O docente necessita de um computador e um projetor para a projeção dos slides. Explorar os slides disponibilizados no Apêndice A que ajudarão na identificação dos rostos, nomes, áreas do conhecimento e contribuições científicas. Um conjunto com sugestões de perguntas e respostas a respeito de uma das Cientistas Negras Brasileiras foi elaborado e disponibilizado no Apêndice B (fica a critério da/o docente elaborar outras perguntas e respostas). Usar o conjunto de cartões com os rostos das cientistas em preto e branco, que deverão ser impressos. Pedir para que as/os estudantes pintem as imagens. Utilizar os volumes I e II do livro das Cientistas Negras do Projeto de Extensão “Meninas e Mulheres nas Ciências” – UFPR como material de apoio para elaborar outras perguntas.
Duração Prevista
A duração prevista da oficina é de 3 horas.
Processo Avaliativo
A avaliação é processual, com a observação da interação e colaboração entre os estudantes.
BARBOZA, Ana Maria Maia; SCHITTINI, Bárbara Betuyaku; NASCIMENTO, Lia Midori Meyer. Quebrando estereótipos na sala de aula: contribuições de cientistas negras para a ciência. In: PINHEIRO, Bárbara Carine Soares; ROSA, Katemari (Orgs.). Descolonizando saberes: a lei 10.639/2003 no ensino de ciências. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2018.
GROSSI, Miriam Pillar. O masculino e o feminino em educação. Revista
Paixão de Aprender. Porto Alegre, n.4, p.70, set. 1992.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo no cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
LOPES, Claudemira Vieira Gusmão; RAMOS, Jaqueline de Lima; BRASIL, Mayara Cordeiro; ALMEIDA, Raissa H. de J.; CAVALHEIRO, Liza Mohana; BARBOSA, Alessandra Souza; SILVEIRA, Camila. Livro de passatempos de cientistas negras: brasileiras. Curitiba: Pró-reitoria de Extensão e Cultura: Universidade Federal do Paraná, 2020. Disponível em:. Acesso em 28/06/2022.
MORO, Claudia Cristine. A questão de gênero no ensino de ciências.
Chapecó: Argos, 2001.
OLIVEIRA, Megg Rayara Gomes. O diabo em forma de gente: r(e)xistências de gays afeminados de gays afeminados, viados e bichas pretas na educação.
Salvador (BA): Editora Devires, 2020.
PINHEIRO, Bárbara Carine Soares. Descolonizando saberes: mulheres negras na ciência. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2020.
SMOLE, Kátia Stocco; DINIZ, Maria Ignez; CÂNDIDO, Patrícia. Brincadeiras
infantis nas aulas de matemática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
TAVARES, Isabel; BRAGA, Maria Lúcia de Santana; LIMA, Betina Stefanello. Análise sobre a participação de negras e negros nom sistema científico. 2015. Disponível em:. Acesso em: 28/06/2022.
VINHA, Telma Pillegi. O educador e a moralidade infantil: uma visão construtivista. Campinas (SP): Mercado de Letras; São Paulo: FAPESP, 2000.
WELTER, Tânia; GROSSI, Miriam. É possível ensinar gênero na escola? Análise de experiências de formação em gênero, sexualidades e diversidades em Santa Catarina. Revista Linhas. Florianópolis, v.19, n.39, p.123-145, jan./abr. 2018.
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