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Ebó epistêmico: produções dos/das estudantes de Estudos Afro-brasileiros da UFSC

Estado: Santa Catarina (SC)
Etapa: Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II, Ensino Médio
Modalidade: Regular, Educação de Jovens e Adultos, Educação Escolar Indígena, Educação Escolar Quilombola, Educação Especial
Disciplinas: Artes, Filosofia, Geografia do Brasil, Geografia Geral, História do Brasil, História Geral, Língua Portuguesa, Sociologia
Formato: Híbrido

Ebó é uma palavra de origem Iorubá que consiste em um ritual de base africana, criado para reequilibrar os aspectos da vida de um indivíduo. Segundo Rufino (2019) o ebó também opera como um princípio tecnológico, uma vez que é a partir dele que se estabelecem as comunicações, trocas e invenções de possibilidades. Assim com base no início da jornada desta disciplina que se propôs a um letramento racial na contramão da colonialidade do saber (Lander, 2000) que estrutura nossas instituições de ensino, construímos uma comunidade de aprendizados (hooks, 2017) que se propôs a cruzar os conhecimentos, atravessando-os com outros saberes e fazeres, configurando àquilo que (Rufino, 2019) nomeia de ebó epistêmico. Nesse sentido este projeto lança neste momento nosso ebó epistêmico ao mundo, por meio da criação de um espaço virtual, apresentando semestralmente algumas das produções realizadas pelos/pelas estudantes desta disciplina oferecida no curso de Ciências Sociais pelo Departamento de Antropologia, ampliando desta forma o acervo de referências bibliográficas e materiais didáticos para se trabalhar as relações raciais em vários níveis de formação. Para além do website, é também premissa deste projeto constituir um diálogo permanente com os profissionais da educação básica e pesquisadoras/es do campo de estudos das populações afro-brasileiras, constituindo processos de ensino e aprendizagem que tenham a diversidade como princípio formativo.

A partir da atuação dos movimentos sociais negros e da criação de legislações federais como a lei 10.639/03 que implementa a obrigatoriedade do ensino de “história e cultura afro-brasileira” dentro das disciplinas que já fazem parte das grades curriculares dos ensinos fundamental e médio, o Curso de Ciências Sociais procurou dar respostas abrangentes a mudanças de seu Currículo, por meio da participação do corpo docente e discente em fóruns regionais e nacionais sobre as questões curriculares e profissionais das três áreas das Ciências Sociais – Antropologia, Ciência Política e Sociologia. Desta forma, a partir de 2011, propôs-se a inserção da disciplina Estudos Afro-Brasileiros que busca enfatizar o estudo sobre relações raciais e racismo no Brasil; relações interétnicas e identidades étnicas; e estudos sobre os negros no Brasil. Assim para além do ensino, este projeto pretende por meio da produção das e dos estudantes fomentar e fortalecer o diálogo com a sociedade.

Metodologia

A categoria raça é dos fatores que constitui, diferencia, hierarquiza e localiza os sujeitos em nossa sociedade. Para Antônio Sérgio Alfredo Guimarães (2005) em Racismo e antirracismo no Brasil o conceito de raça “não se trata de dado biológico, mas de constructos sociais, formas de identidade baseadas numa ideia biológica errônea, mas eficaz socialmente, para construir, manter e reproduzir diferenças e privilégios”. Assim o racismo que estrutura todas as dimensões da sociedade também permeia e impacta os processos de ensino e aprendizagem, bem como o ser/estar/agir no mundo dos sujeitos sociais. Desta forma socializar os saberes e fazeres para além da disciplina de Estudos Afro-Brasileiros torna-se fundamental para desnaturalização dessa ideologia hierarquizante e excludente, bem como para tecer estratégias de re-existências que reconheçam, visibilizem e valorizem esses saberes e fazeres até então tidos como subalternos. A metodologia consiste na formação e atualização do website e publicação semestral das produções do corpo discente da disciplina de Estudos Afro-brasileiros neste espaço virtual. Além disso, a equipe realizará mapeamento e encontros de leituras de materiais didáticos que venham a ser publicados dentro deste campo de estudos e promoverá semestralmente, encontros com as e os professores da educação básica de forma remota e ou presencial, bem como organizará seminários remotos e/ou presenciais com as e os pesquisadores do campo de estudos das populações afro-brasileiras. Também serão realizadas oficinas em escolas, a partir do diálogo com os professores que participam do projeto.

Recursos Necessários

Computador, datashow, materiais impressos (como jornais, revistas e livros que possam ser recortados), material de papelaria (cartolinas, canetas, tesouras, hidrocor).

Duração Prevista

3 a 5 encontros, 2h cada.

Processo Avaliativo

Autoavaliação e compartilhamento de reflexões nas modalidades escritas e textuais.

https://eboepistemico.wordpress.com

“CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Blumenau: Letras Contemporâneas, 2010.
FANON, Frantz. Pele Negra, máscaras brancas.Salvador: EDUFBA, 2008 [1952].
GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo. Racismo e anti-racismo no Brasil. [S.l: s.n.], 2005.
hooks, bell. Ensinando a transgredir:a educação como prática de liberdade. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. 2ª edição: Editora WMF Martins Fontes, 2017.
LANDER, Edgardo (org.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2000.
LEITE, Ilka Boaventura(Org). Negros do Sul do Brasil: Invisibilidade e territorialidade. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 1996.
MUNANGA, Kabengele. Políticas de ação afirmativa em benefício da população negra no Brasil: um ponto de vista em defesa de cotas. Sociedadee Cultura 4(2): 31-43, 2001.
RAMOS, Alberto Guerreiro. Introdução Crítica à Sociologia Brasileira. Rio de Janeiro: Ed.UFRJ, 1995 [1957].
RUFINO, Luiz. Pedagogias das Encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2019.
SCHUCMAN, Lia Vainer. Sim, nós somos racistas: estudo psicossocial da branquitude paulistana. Psicol. Soc., Belo Horizonte , v. 26, n. 1 , p . 8 3 – 9 4 , Ap r. 2 0 1 4 .”

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